Nesse veículo a gasolina não é usada como combustível mas serve à sua flutuação.
Durante muito tempo a pesquisa sobre a vida marinha e a natureza do fundo do mar esteve limitada pelo precário equipamento disponível. O desenvolvimento do cilindro de mergulho possibilitou ao mergulhador descer a uma profundidade máxima de 50 metros. E em 1940 o suíço Piccard construiu um submergível denominado Batiscafo (do grego bathys, “fundo”, e scaphos, “navio”), projetada para suportar alta pressão, permitindo o mergulho a vários quilômetros de profundidade.
O batiscafo é composto de duas partes principais: um flutuador, que geralmente tem a forma de casco de navio, cheio de gasolina distribuída em vários compartimentos, e uma cabina esférica de aço. A flutuação positiva da nave é balanceada por bolas de ferro, localizadas dentro do flutuador em câmaras abertas e presas por eletro-ímãs.
A cabina esférica é o centro de controle da nave. Abriga a tripulação, os controles e os equipamentos de pesquisa. A espessura de suas paredes de aço varia entre 10 e 18 centímetros a fim de suportar as fortíssimas pressões que, numa profundidade de 10.000 metros, chegam a atingir mais de uma tonelada por centímetro quadrado.
O batiscafo é uma nave destinada à pesquisa científica e sua tripulação de dois homens deve ter condições de observar o exterior subaquático. Por isso, a esfera é equipada com vigias de material transparente, em geral perspex (plexiglas), perfeitamente encaixadas no metal. Sob alta pressão, qualquer vazamento na estrutura da esfera pode causar um dano considerável. Assim as vigias são construídas na forma de um cone truncado (com a ponta secionada). Esses cones são colados em soquetes e inseridos pela extremidade mais estreita num orifício do mesmo formato, para que a pressão, quando aumentada, empurre a vigia cada vez mais contra a sua base. Para vedar perfeitamente os orifícios por onde passam os cabos elétricos — com o problema adicional de que esses cabos se flexionam quando a nave está em uso —, emprega-se uma resina adesiva do tipo epóxi, excelente fixador e vedador. (Os pesquisadores continuam buscando substâncias ainda mais tenazes, como as desenvolvidas no programa espacial dos Estados Unidos).

A esfera de um batiscafo comum permanece a uma pressão atmosférica normal, não sendo necessário à tripulação proceder à descompressão depois do mergulho. Os cilindros de ar estão alojados dentro da esfera e seu suprimento dura, geralmente 24 horas. A esfera também contém os controles d( lastro e das garras externas, bem como os do sonar e monitores de televisão.
Para que o batiscafo se mantenha na superfície, alguns compartimentos do flutuador devem estar cheios de ar. Durante o mergulho, esses compartimentos são inundados com água do mar e, à medida que a nave submerge, a pressão se torna cada vez mais intensa. Os fundos dos compartimentos que contêm gasolina são abertos para o mar, e a pressão da água comprime ligeiramente o líquido mais leve, assegurando que a pressão dentro do flutuador seja sempre igual à exterior. Por esse motivo, é possível construir um flutuador com um metal de resistência muito menor que a do empregado na esfera.

Quanto mais fundo o batiscafo mergulha, mais densa se torna a gasolina, até que sua densidade seja maior que a da água, o que faz com que a nave se torne mais pesada e passe a submergir mais rapidamente. Isso pode ser controlado com a liberação de pequenas quantidades de lastro. Para se manter o batiscafo afastado do fundo do mar, basta controlar o lastro, de modo que a nave alcance flutuação neutra no nível desejado, ou utilizar uma _corrente guia, um dispositivo muito simples que consiste num pedaço de corrente dependurada embaixo da nave. Quando a extremidade dessa corrente atinge o fundo do mar, o batiscafo se torna imediatamente mais leve, pela diminuição do peso da parte da corrente que fundeou. A descida da nave se faz então mais lenta e quando o peso da corrente chega ao nível correto, o batiscafo alcança a flutuação neutra. A corrente também ajuda a estabilidade, agindo como linha de arrastão.
A mobilidade no fundo é limitada pelo peso da nave, já que sua estrutura deve ser sólida, para levar dois homens a grandes profundidades. Assim, resta pouco lugar para os pequenos motores e os conjuntos de energia elétrica. Na prática, as tripulações usam freqüentemente as correntes marítimas como auxiliares no trabalho de propulsão.
Como o submarino (batiscafo) retorna à superfície?

Para retornar à superfície, a tripulação desliga os eletroímãs, os silos se esvaziam do lastro restante e a gasolina faz flutuar a nave até a superfície (no caso de falta de energia ocorre o mesmo, porque os eletro-ímãs deixam de funcionar). A este sistema de segurança, acrescentam-se outros, como a liberação de sucatas ou de parte do equipamento, que também são presos por eletro-ímãs.
Antes do advento do batiscafo, esferas semelhantes, chamadas batisferas, eram usadas para mergulhos muito profundos. Mas havia a desvantagem de serem suspensas por cabos presos a um navio, o que lhes reduzia a utilidade. O inventor do batiscafo, professor Augusto Piccard, cientista suíço, ficou famoso na década de 30 por suas explorações em balões, cujos princípios foram aplicados às explorações submarinas. A função do flutuador é a mesma que a do recipiente de gás do balão. A ascensão e descida dependem, em ambos, do controle do lastro.

O batiscafo “Trieste”, criado pelo professor Piccard e pilotado por seu filho Jacques e mais outro tripulante, realizou uma série de mergulhos a grandes profundidades, conquistando o recorde mundial de 11.000 metros, em 1950, na Trincheira das ilhas Marianas, no Oceano Pacífico.